domingo, 22 de março de 2015

Profecia do Dia


Segunda-feira, dia 23 de Março de 2015

Segunda-feira da 5ª semana da Quaresma

Beato Marcos de Montegalo, presbítero, +1496, S. Turíbio de Mogrovejo, bispo, +1606

Comentário do dia
Santo Agostinho : «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»

Dan. 13,1-9.15-17.19-30.33-62.

Naqueles dias, morava em Babilónia um homem chamado Joaquim.
Tinha desposado uma mulher chamada Susana, filha de Helcias, muito bela e temente ao Senhor.
Os seus pais eram justos e tinham instruído a filha na Lei de Moisés.
Joaquim era muito rico e tinha um jardim contíguo à sua casa. Os judeus reuniam-se com ele frequentemente, porque era o mais ilustre de todos eles.
Naquele ano tinham designado como juízes dois anciãos do povo, daqueles que o Senhor denunciara, dizendo: «De Babilónia veio a iniquidade de velhos que passavam por dirigentes do povo».
Estes dois frequentavam a casa de Joaquim e a eles recorriam todos os que tinham alguma questão de justiça.
Quando, ao meio do dia, o povo se retirava, Susana vinha passear para o jardim do seu marido.
Os dois velhos observavam-na todos os dias, quando entrava no jardim para passear, e apaixonaram-se por ela.
Perverteram a sua mente e desviaram os seus olhos de modo a não olharem para o Céu e não se lembrarem dos seus justos juízos.
Estando eles à espera de ocasião favorável, um dia Susana veio, como de costume, acompanhada somente de duas meninas; e, como estava calor, quis tomar banho no jardim.
Não se encontrava ali ninguém, senão os dois velhos escondidos a espreitá-la.
Susana disse às meninas: «Trazei-me óleo e unguentos e fechai as portas do jardim, para eu tomar banho».
Logo que elas saíram, os dois velhos levantaram-se, correram para junto de Susana
e disseram-lhe: «As portas do jardim estão fechadas, ninguém nos vê e nós estamos apaixonados por ti. Dá-nos o teu consentimento e entrega-te a nós.
Senão, acusar-te-emos dizendo que estava contigo um jovem e por isso mandaste embora as meninas».
Então Susana gemeu e exclamou: «Estou cercada por todos os lados: se praticar semelhante coisa, espera-me a morte; se não a praticar, não poderei fugir às vossas mãos.
Mas prefiro cair nas vossas mãos sem ter feito nada a pecar na presença do Senhor».
Então Susana gritou com voz forte, mas os dois velhos gritaram também contra ela
e um deles correu a abrir as portas do jardim.
Logo que as pessoas da casa ouviram estes gritos no jardim, precipitaram-se pela porta do lado, para verem o que tinha acontecido.
Quando os velhos contaram a sua versão, os servos coraram de vergonha, pois nunca se tinha dito de Susana semelhante coisa.
No dia seguinte, quando o povo se reuniu em casa de Joaquim, marido de Susana, vieram os dois velhos cheios de rancor contra ela, pretendendo condená-la à morte.
E disseram diante do povo: «Mandai chamar Susana, filha de Helcias, mulher de Joaquim». Foram buscá-la
e ela veio com os pais, os filhos e todos os parentes.
Os seus familiares choravam, assim como todos os que a viam.
Os dois velhos levantaram-se no meio do povo e puseram as mãos sobre a cabeça de Susana.
Ela, a soluçar, ergueu os olhos ao Céu, porque o seu coração confiava no Senhor.
Os velhos disseram: «Enquanto passeávamos sós pelo jardim, entrou ela com duas servas; fechou as portas do jardim e mandou embora as servas.
Veio então ter com ela um jovem, que estava escondido, e deitou-se com ela.
Nós, que estávamos a um canto do jardim, ao ver aquela maldade, corremos sobre eles.
Embora os tivéssemos visto juntos, não pudemos agarrar o jovem, porque era mais forte do que nós, e, abrindo a porta, pôs-se em fuga.
A ela, porém, apanhámo-la e perguntámos-lhe quem era o jovem, mas ela não quis dizer-nos. Somos testemunhas do facto».
A assembleia deu-lhes crédito, por serem anciãos do povo e juízes, e condenou Susana à morte.
Então Susana disse em altos brados: «Deus eterno, que sabeis o que é secreto e conheceis todas as coisas antes que aconteçam,
Vós sabeis que eles proferiram contra mim um falso testemunho. E eu vou morrer, sem ter feito nada do que eles maliciosamente disseram contra mim».
O Senhor ouviu a oração de Susana.
Quando a levavam para ser executada, Deus despertou o espírito santo dum rapazinho chamado Daniel,
que gritou com voz forte: «Eu sou inocente da morte desta mulher».
Todo o povo se voltou para ele e perguntou: «Que palavras são essas que acabas de dizer?»
Daniel, de pé no meio deles, respondeu: «Sois tão insensatos, ó filhos de Israel, que, sem julgamento nem conhecimento claro dos factos, condenais uma filha de Israel?
Voltai ao tribunal, porque estes dois homens levantaram contra ela um falso testemunho».
O povo regressou a toda a pressa e os anciãos disseram a Daniel: «Vem sentar-te no meio de nós e expõe-nos o teu pensamento, pois Deus concedeu-te a dignidade dos anciãos».
Daniel disse-lhes: «Separai-os um do outro e eu os julgarei».
Quando os separaram, Daniel chamou o primeiro e disse-lhe: «Envelheceste na prática do mal, mas agora aparecem os pecados que outrora cometeste,
quando lavravas sentenças injustas, condenando os inocentes e absolvendo os culpados, apesar de o Senhor dizer: 'Não dareis a morte ao inocente e ao justo'.
Pois bem. Se viste esta mulher, debaixo de que árvore descobriste os dois juntos?». Ele respondeu: «Debaixo de um lentisco».
Replicou Daniel: «A tua mentira cairá sobre a tua cabeça, pois o Anjo de Deus já recebeu a sentença, para te rachar ao meio».
Depois de o terem afastado, Daniel ordenou que trouxessem o outro e disse-lhe: «Raça de Canaã e não de Judá, a beleza seduziu-te e o desejo perverteu-te o coração.
Era assim que procedíeis com as filhas de Israel e elas por medo entregavam-se a vós.
Pois bem, diz-me então: Debaixo de que árvore os surpreendeste juntos?» Ele respondeu: «Debaixo de um carvalho».
Replicou Daniel: «A tua mentira cairá sobre a tua cabeça, pois o Anjo de Deus está à tua espera com a espada na mão para te cortar ao meio. Assim acabará convosco».
Toda a assembleia clamou em alta voz, bendizendo a Deus, que salva aqueles que esperam n'Ele.
Levantaram-se então contra os dois velhos, porque Daniel os tinha convencido de falso testemunho, pela sua própria boca.
Para cumprirem a Lei de Moisés, aplicaram-lhes a mesma pena que tão impiamente tinham preparado para o seu próximo e executaram-nos; e foi salva naquele dia uma vida inocente.


Salmos 23(22),1-3a.3b-4.5.6.

O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal,
porque Vós estais comigo.

Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça
e o meu cálice transborda.

A bondade e a graça hão de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.




João 8,1-11.

Naquele tempo, Jesus foi para o Monte das Oliveiras.
Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo e todo o povo se aproximou d'Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar.
Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus:
«Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério.
Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?».
Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão.
Como persistiam em interrogá-l'O, Ele ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra».
Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão.
Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio.
Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?».
Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Jesus acrescentou: «Também Eu não te condeno. Vai e não tornes a pecar».



Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermões sobre o Evangelho de João, nº 33, 5-8

«Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»

«Foram saindo um a um.» Ficaram apenas dois, a miserável e a Misericórdia. Mas o Senhor, depois de os ter atingido com o traço da justiça, não quis assistir à sua queda; desviou deles o olhar e, «inclinando-Se para o chão, pôs-Se a escrever com o dedo na terra».


Tendo a mulher ficado sozinha, depois de todos terem partido Ele ergueu os olhos para ela. Ouvimos a voz da justiça, ouçamos também a da bondade. […] A mulher esperava ser punida por Aquele em quem não se podia encontrar pecado. Mas Ele, que havia afastado os seus inimigos com a voz da justiça, erguendo para ela os olhos da misericórdia, interrogou-a: «Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Ele disse-lhe: «Também Eu não te condenarei. Temeste ser condenada por Mim porque não encontraste pecado em Mim; mas Eu também não te condenarei.»


Como, Senhor? Então Tu favoreces os pecados? Não, é justamente o contrário. Repara no que se segue: «Vai e de agora em diante não tornes a pecar.» O Senhor condenou, portanto, mas foi o pecado que Ele condenou, não o pecador. […] Tenham pois atenção os que amam a bondade do Senhor, e temam a sua verdade. […] O Senhor é bom, o Senhor é lento na ira, o Senhor é misericordioso, mas o Senhor também é justo e o Senhor é cheio de verdade (Sl 85,15). Ele concede-te tempo para que te corrijas, mas tu preferes gozar esse adiamento a reformar-te. Pois bem, se ontem foste mau, sê bom hoje; se passaste este dia no mal, ao menos amanhã muda a tua conduta.


É portanto este o sentido destas palavras que Ele dirige a esta mulher: «Também Eu não te condenarei, mas, estando assegurada para o passado, tem cautela no futuro. Também Eu não te condenarei, apaguei o mal que cometeste; tu, observa o que prescrevi para obteres o que prometi.»