domingo, 5 de março de 2017

Liturgia do Dia - sua Profecia diária


Domingo, dia 05 de Março de 2017

1º Domingo da Quaresma
1º Domingo da Quaresma (semana I do saltério)

Santo Adriano, mártir, +308, S. João José da Cruz, religioso, +1737

Comentário do dia
Isaac o Sírio : «Então o diabo deixou-O.»

Gén. 2,7-9.3,1-7.

O Senhor Deus formou o homem do pó da terra, insuflou em suas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivo.
Depois, o Senhor Deus plantou um jardim no Éden, a oriente, e nele colocou o homem que tinha formado.
Fez nascer na terra toda a espécie de árvores, de frutos agradáveis à vista e bons para comer, entre as quais a árvore da vida, no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal.
Ora, a serpente era o mais astucioso de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha feito. Ela disse à mulher: «É verdade que Deus vos disse: 'Não podeis comer o fruto de nenhuma árvore do jardim'?».
A mulher respondeu: «Podemos comer o fruto das árvores do jardim;
mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus avisou-nos: 'Não podeis comer dele nem tocar-lhe, senão morrereis'».
A serpente replicou à mulher: «De maneira nenhuma! Não morrereis.
Mas Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como deuses, ficando a conhecer o bem e o mal».
A mulher viu então que o fruto da árvore era bom para comer e agradável à vista, e precioso para esclarecer a inteligência. Colheu fruto da árvore e comeu; depois deu-o ao marido, que comeu juntamente com ela.
Abriram-se então os seus olhos e compreenderam que estavam despidos. Por isso, entrelaçaram folhas de figueira e cingiram os rins com elas.


Salmos 51(50),3-4.5-6a.12-13.14.17.

Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade, pela vossa grande misericórdia, apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade e purificai-me de todas as faltas.
Porque eu reconheço os meus pecados e tenho sempre diante de mim as minhas culpas.
Pequei contra Vós, só contra Vós, e fiz o mal diante dos vossos olhos.

Criai em mim, ó Deus, um coração puro e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais repelir-me da vossa presença e não retireis de mim o vosso espírito de santidade.
Dai-me de novo a alegria da vossa salvação e sustentai-me com espírito generoso.
Abri, Senhor, os meus lábios, e a minha boca cantará o vosso louvor.




Romanos 5,12-19.

Irmãos: Assim como por um só homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram.
De facto, até à Lei, existia o pecado no mundo. Mas o pecado não é levado em conta, se não houver lei.
Entretanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, mesmo para aqueles que não tinham pecado por uma transgressão à semelhança de Adão, que é figura d'Aquele que havia de vir.
Mas o dom gratuito não é como a falta. Se pelo pecado de um só todos pereceram, com muito mais razão a graça de Deus, dom contido na graça de um só homem, Jesus Cristo, se concedeu com abundância a todos os homens.
E esse dom não é como o pecado de um só: o julgamento que resultou desse único pecado levou à condenação, ao passo que o dom gratuito, que veio depois de muitas faltas, leva à justificação.
Se a morte reinou pelo pecado de um só homem, com muito mais razão, aqueles que recebem com abundância a graça e o dom da justiça reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo.
Porque, assim como, pelo pecado de um só, veio para todos os homens a condenação, assim também, pela obra de justiça de um só, virá para todos a justificação, que dá a vida.
De facto, como pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, assim também, pela obediência de um só, todos se tornarão justos.


Mateus 4,1-11.

Naquele tempo, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, a fim de ser tentado pelo Diabo.
Jejuou quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome.
O tentador aproximou-se e disse-lhe: «Se és Filho de Deus, diz a estas pedras que se transformem em pães».
Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: 'Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus'».
Então o Diabo conduziu-O à cidade santa, levou-O ao pináculo do templo
e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo, pois está escrito: 'Deus mandará aos seus Anjos que te recebam nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra'».
Respondeu-lhe Jesus: «Também está escrito: 'Não tentarás o Senhor teu Deus'».
De novo o Diabo O levou consigo a um monte muito alto, mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a sua glória
e disse-Lhe: «Tudo isto Te darei, se, prostrado, me adorares».
Respondeu-lhe Jesus: «Vai-te, Satanás, porque está escrito: 'Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto'».
Então o Diabo deixou-O, e aproximaram-se os Anjos e serviram-n'O.



Tradução litúrgica da Bíblia



Comentário do dia:

Isaac o Sírio (século VII), monge perto de Mossul
Discursos ascéticos, 1.ª série, n.º 85

«Então o diabo deixou-O.»

Tal como os olhos sãos desejam a luz, assim o jejum efectuado com discernimento suscita o desejo da oração. Quando um homem começa a jejuar, deseja comunicar com Deus nos pensamentos do seu espírito. Com efeito, o corpo que jejua não suporta dormir toda a noite no seu leito. Quando o jejum sela a boca do homem, este medita em estado de contrição, o seu coração reza, o seu rosto está sério, os maus pensamentos deixam-no; é inimigo das cobiças e das conversas vãs. Nunca se viu um homem jejuar com discernimento e ser assaltado por maus desejos. O jejum feito com discernimento é uma grande casa que protege muito bem…

Porque o jejum é a ordem que foi dada desde o início à nossa natureza, para não comer o fruto da árvore (Gn 2,17), e é daí que vem aquilo que nos engana… Foi também por aí que o Salvador começou, quando se revelou ao mundo no Jordão. Com efeito, depois do baptismo, o Espírito levou-o ao deserto, onde jejuou quarenta dias e quarenta noites.

Todos os que partem para o seguir fazem doravante o mesmo: é sobre este fundamento que põem o início do seu combate, porque tal arma foi forjada por Deus… E quando agora o diabo vê essa arma na mão de um homem, este adversário e tirano tem medo. Ele pensa imediatamente na derrota que o Salvador lhe infligiu no deserto, recorda-se e a sua força é quebrada. Consome-se assim que vê a arma que nos deu aquele que nos conduz ao combate. Que arma pode ser mais poderosa e reanimar tanto o coração na sua luta contra os espíritos do mal?