Sexta-feira, dia 02 de Março de 2018 Sexta-feira da 2ª semana da Quaresma Santa Inês de Praga, religiosa, +1282, S. Simplício, papa, +483
Comentário do dia São Boaventura : «E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no.»
Gén. 37,3-4.12-13a.17b-28. Jacob gostava mais de José que dos seus outros filhos, porque ele era o filho da sua velhice; e mandou fazer-lhe uma túnica de mangas compridas. Os irmãos, vendo que o pai o preferia a todos eles, começaram a odiá-lo e não eram capazes de lhe falar com bons modos. Um dia foram para Siquém apascentar os rebanhos do pai. Jacob disse a José: «Os teus irmãos apascentam os rebanhos em Siquém. vem cá, pois quero mandar-te ir ter com eles». José partiu à procura dos irmãos e encontrou-os em Dotain. Eles viram-no de longe e, antes que chegasse perto, combinaram entre si a sua morte. Disseram uns aos outros: «Aí vem o homem dos sonhos. Vamos matá-lo e atirá-lo a uma cisterna e depois diremos que um animal feroz o devorou. Veremos então em que vão dar os seus sonhos». Mas Rúben ouviu isto e, querendo livrá-lo das suas mãos, disse: «Não lhe tiremos a vida». Para o livrar das suas mãos e entregá-lo ao pai, Rúben disse aos irmãos: «Não derrameis sangue. Lançai-o nesta cisterna do deserto, mas não levanteis as mãos contra ele». Quando José chegou junto dos irmãos, eles tiraram-lhe a túnica de mangas compridas que trazia, pegaram nele e lançaram-no dentro da cisterna, uma cisterna vazia, sem água. Depois sentaram-se para comer. Mas, erguendo os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que vinha de Galaad. Traziam camelos carregados de goma de tragacanto, resina aromática e láudano, que levavam para o Egipto. Então Judá disse aos irmãos: «Que interesse haveria em matar o nosso irmão e esconder-lhe o sangue? Vamos vendê-lo aos ismaelitas, mas não lhe ponhamos as mãos, porque é nosso irmão, da mesma carne que nós». Os irmãos concordaram. Passando por ali uns negociantes de Madiã, tiraram José da cisterna e venderam-no por vinte moedas de prata aos ismaelitas, que o levaram para o Egipto.
Salmos 105(104),16-17.18-19.20-21. Deus chamou a fome sobre aquela terra e privou-os do pão que dá o sustento. Adiante deles enviara um homem: José vendido como escravo. Apertaram-lhe os pés com grilhões, lançaram-lhe ao pescoço uma coleira de ferro, até que se cumpriu a profecia e a palavra do Senhor o mostrou inocente. Então o rei mandou que o soltassem, o soberano dos povos deu-lhe a liberdade; e fê-lo senhor da sua casa e governador de todos os seus domínios.
Mateus 21,33-43.45-46. Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi outra parábola: Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe. Quando chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos. Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os primeiros. E eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim, mandou-lhes o seu próprio filho, dizendo: 'Respeitarão o meu filho'. Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: 'Este é o herdeiro; matemo-lo e ficaremos com a sua herança'. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no. Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?». Eles responderam: «Mandará matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entreguem os frutos a seu tempo». Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na Escritura: 'A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos'? Por isso vos digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos». Ao ouvirem as parábolas de Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus compreenderam que falava deles e queriam prendê-l'O; mas tiveram medo do povo, que O considerava profeta.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Boaventura (1221-1274), franciscano, doutor da Igreja A videira mística, cap. 3.º, §§ 5-10
«E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no.» «Eu sou a videira verdadeira», diz Jesus (Jo 15,1). […] Cavamos trincheiras ao redor desta vinha, quer dizer, cavamos armadilhas secretas. Ao conspirar para fazer alguém cair numa armadilha, é como se abríssemos um buraco na sua frente. É por isso que ele se lamenta, dizendo: «Cavaram uma cova diante de mim» (Sl 56,7). […] Eis um exemplo dessas armadilhas: «Trouxeram uma mulher apanhada em adultério» ao Senhor Jesus, «dizendo: "Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. E Tu, que dizes?"» (Jo 8,3ss). […] E outro: «É lícito ou não pagar tributo a César?» (Mt 22,17) […] Mas descobriram que estas ciladas não eram prejudiciais à videira; pelo contrário, cavando tais covas, foram eles próprios que caíram dentro delas (Sl 56,7). […] Então, avançaram mais um passo: não só Lhe prenderam as mãos e os pés (Sl 21,17), como Lhe perfuraram o lado com uma lança (Jo 19,34), pondo a descoberto o interior desse coração santíssimo, que já tinha sido ferido pela lança do amor. No seu cântico de amor, o Esposo diz: «Feriste-me o coração, irmã, minha esposa» (Cant 4,9 Vulg). Senhor Jesus, o teu coração foi ferido de amor pela tua esposa, tua amiga, tua irmã. Era necessário que fosses ainda ferido pelos teus inimigos? O que fazeis vós, inimigos? […] Não sabeis que esse coração do Senhor Jesus já está morto, já foi aberto, já não pode ser sofrer mais? O coração do Esposo, do Senhor Jesus, já recebeu a ferida do amor, a morte do amor. Que outra morte poderia ele sofrer? […] Os mártires também se riem quando são ameaçados, alegram-se quando são atingidos, triunfam quando são mortos. Porquê? Porque já estão mortos de amor em seu coração, «mortos para o pecado» (Rom 6,2) e para o mundo. […] O coração de Jesus foi portanto ferido e morto por nós […]; a morte física triunfou por momentos, mas para ser vencida para sempre. Foi destruída quando Cristo ressuscitou dos mortos, porque «a morte já não tem domínio sobre Ele» (Rom 6,9). |