quarta-feira, 10 de abril de 2019

Agir como Abraão

Quarta-Feira, 10 De Abril
Quarta-feira da 5ª semana da Quaresma

Calendário ordinário


Santo António Neyrot - Santo António Neyrot | Ezequiel - profeta | Mais...


Livro de Daniel 3,14-20.91-92.95.

Naqueles dias, Nabucodonosor, rei de Babilónia, disse aos três jovens israelitas: «Será verdade, Sidrac, Misac e Abdénago, que não prestais culto aos meus deuses, nem adorais a estátua de ouro que mandei levantar?
Pois bem. Quando ouvirdes tocar a trombeta, a flauta, a cítara, a harpa, o saltério, a gaita de foles e todos os outros instrumentos, estais dispostos a prostrar-vos e adorar a estátua que mandei fazer? Se não a quiserdes adorar, sereis imediatamente lançados na fornalha ardente. E qual é o deus que poderá livrar-Vos das minhas mãos?».
Sidrac, Misac e Abdénago responderam ao rei Nabucodonosor: «Não é necessário responder-te a propósito disto, ó rei.
O nosso Deus, a quem prestamos culto, pode livrar-nos da fornalha ardente e livrar-nos também das tuas mãos.
Mas ainda que o não faça, fica sabendo, ó rei, que não prestamos culto aos teus deuses, nem adoraremos a estátua de ouro que mandaste levantar».
Então Nabucodonosor encheu-se de cólera e alterou o semblante contra Sidrac, Misac e Abdénago. Mandou aquecer a fornalha sete vezes mais do que o costume
e ordenou a alguns dos seus mais valentes guerreiros que ligassem Sidrac, Misac e Abdénago e os lançassem na fornalha ardente.
Entretanto, o rei Nabucodonosor, sobressaltado, levantou-se precipitadamente e perguntou aos seus conselheiros: «Não é verdade que ligámos e lançámos três homens na fornalha ardente?» Eles responderam: «Certamente, ó rei».
Continuou o rei: «Mas eu vejo quatro homens a passearem livremente no meio do fogo sem nada sofrerem e o quarto tem o aspeto de um filho dos deuses».
Então Nabucodonosor exclamou: «Bendito seja o Deus de Sidrac, Misac e Abdénago, que enviou o seu Anjo para livrar os seus servos, que, confiando n'Ele, desobedeceram à ordem do rei e arriscaram a sua vida a fim de não prestarem culto ou adoração a qualquer divindade que não fosse o seu Deus».

Livro de Daniel 3,52.53.54.55.56.

Bendito sejais, Senhor, Deus dos nossos pais: digno de louvor e de glória para sempre. Bendito o vosso nome glorioso e santo: digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no templo santo da vossa glória: digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no trono da vossa realeza: digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais, Vós que sondais os abismos e estais sentado sobre os Querubins: digno de louvor e de glória para sempre.
Bendito sejais no firmamento do céu: digno de louvor e de glória para sempre.

Evangelho segundo São João 8,31-42.

Naquele tempo, dizia Jesus aos judeus que tinham acreditado n'Ele: «Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos,
conhecereis a verdade e a verdade vos libertará».
Eles responderam-Lhe: «Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como é que Tu dizes: 'Ficareis livres'?»
Respondeu Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Todo aquele que comete o pecado é escravo.
Ora o escravo não fica para sempre em casa ; o filho é que fica para sempre.
Mas se o Filho vos libertar, sereis realmente homens livres.
Bem sei que sois descendentes de Abraão; mas procurais matar-Me, porque a minha palavra não entra em vós.
Eu digo o que vi junto de meu Pai e vós fazeis o que ouvistes ao vosso pai».
Eles disseram: «O nosso pai é Abraão». Respondeu-lhes Jesus: «Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.
Mas procurais matar-Me, a Mim que vos disse a verdade que ouvi de Deus. Abraão não procedeu assim.
Vós fazeis as obras do vosso pai». Disseram-Lhe eles: «Nós não somos filhos ilegítimos; só temos um pai, que é Deus».
Respondeu-lhes Jesus: «Se Deus fosse o vosso Pai, amar-Me-íeis, porque saí de Deus e d'Ele venho. Eu não vim de Mim próprio; foi Ele que Me enviou».

Tradução litúrgica da Bíblia




São João Crisóstomo (c. 345-407)
presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
36.ª homilia sobre o Génesis

Olhando para a promessa de Deus e ignorando qualquer perspetiva humana, sabendo que Deus é capaz de obras que ultrapassam a natureza, Abraão confiou nas palavras que lhe tinham sido dirigidas, não guardou nenhuma dúvida no seu espírito e não hesitou sobre o sentido que devia dar às palavras de Deus. Porque é próprio da fé confiar no poder daquele que nos fez uma promessa. [...] Deus tinha prometido a Abraão que dele nasceria uma descendência incontável. Esta promessa ultrapassava as possibilidades da natureza e as perspetivas puramente humanas; por isso é que a fé que ele tinha em Deus «lhe foi contada como justiça» (Gn 15,6; Gal 3,6).

Pois bem, se formos vigilantes, veremos que nos foram feitas promessas ainda mais maravilhosas e receberemos uma recompensa muito superior ao que pode sonhar o pensamento humano. Para isso, temos apenas de confiar no poder daquele que nos fez essas promessas, a fim de merecermos a justificação que vem da fé e de obtermos os bens prometidos. Porque esses bens que esperamos ultrapassam toda a conceção humana e todo o pensamento, de tal forma é magnífico o que nos foi prometido! 

Com efeito, essas promessas não dizem respeito apenas ao presente, à realização plena das nossas vidas e ao gozo dos bens visíveis; dizem também respeito ao tempo em que tivermos deixado esta Terra, quando os nossos corpos tiverem sido sujeitos à corrupção, quando os nossos restos mortais forem reduzidos a pó. Deus prometeu-nos que então nos ressuscitará e nos estabelecerá numa glória magnífica; «porque é preciso», assegura-nos São Paulo, «que o nosso ser corruptível se revista de incorruptibilidade, que o nosso ser mortal se revista de imortalidade» (1Cor 15,53). Além disso, depois da ressurreição do nosso corpo, recebemos a promessa de gozarmos do reino e de beneficiarmos durante séculos sem fim, na companhia dos santos, desses bens inefáveis que «os olhos do homem não viram, que o seu ouvido não ouviu e que o seu coração é incapaz de sondar» (1Cor 2,9). Vês a superabundância das promessas? Vês a grandeza destes dons?      

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terça-feira, 9 de abril de 2019

«Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que Eu sou»

Terça-Feira, 9 De Abril
Terça-feira da 5ª semana da Quaresma

Calendário ordinário


Beata Celestina Faron - Beata Celestina Faron | Santo Acácio de Amida - bispo, séc. V | Mais...


Livro dos Números 21,4-9.

Naqueles dias, os filhos de Israel partiram do monte Hor para o Mar Vermelho, contornando a terra de Edom. No caminho o povo impacientou-se
e falou contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizeste sair do Egito, para morrermos neste deserto? Aqui não há pão nem água e já nos causa fastio este alimento miserável».
Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas que mordiam nas pessoas e morreu muita gente de Israel.
O povo dirigiu-se a Moisés, dizendo: «Pecámos, ao falar contra o Senhor e contra ti. Intercede junto do Senhor, para que afaste de nós as serpentes». E Moisés intercedeu pelo povo.
Então o Senhor disse a Moisés: «Faz uma serpente de bronze e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido e olhar para ela ficará curado».
Moisés fez uma serpente de bronze e fixou-a num poste. Quando alguém, era mordido por uma serpente, olhava para a serpente de bronze e ficava curado.

Livro dos Salmos 102(101),2-3.16-18.19-21.

Ouvi, Senhor, a minha oração
e chegue até Vós o meu clamor.
Não escondais o vosso rosto
no dia da minha aflição.
Inclinai para mim o vosso ouvido;
no dia em que chamar por Vós

respondei-me sem demora.
Os povos temerão, Senhor, o vosso nome,
todos os reis da terra a vossa glória.
Quando o Senhor reconstruir Sião
e manifestar a sua glória,
atenderá a súplica do infeliz

e não desprezará a sua oração.
Escreva-se tudo isto para as gerações futuras
e o povo que se há de formar louvará o Senhor.
Debruçou-Se do alto da sua morada,
lá do Céu o Senhor olhou para a terra,
para ouvir os gemidos dos cativos,

para libertar os condenados à morte.

Evangelho segundo São João 8,21-30.

Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Eu vou partir. Haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Vós não podeis ir para onde Eu vou».
Diziam então os judeus: «Irá Ele matar-Se? Será por isso que Ele afirma: "Vós não podeis ir para onde Eu vou"?»
Mas Jesus continuou, dizendo: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo.
Ora, Eu disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditardes que Eu sou, morrereis nos vossos pecados».
Então perguntaram-Lhe: «Quem és Tu?» Respondeu-lhes Jesus: «Absolutamente aquilo que vos digo.
Tenho muito que dizer e julgar a respeito de vós. Mas Aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu comunico ao mundo o que Lhe ouvi».
Eles não compreenderam que lhes falava do Pai.
Disse-lhes então Jesus: «Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que Eu sou e que por Mim nada faço, mas falo como o Pai Me ensinou.
Aquele que Me enviou está comigo: não Me deixou só, porque Eu faço sempre o que é do seu agrado».
Enquanto Jesus dizia estas palavras, muitos acreditaram n'Ele.

Tradução litúrgica da Bíblia




São Bernardo (1091-1153)
monge cisterciense, doutor da Igreja
Sermões diversos, n.º 22

Deves a Cristo Jesus toda a tua vida, pois Ele deu a sua vida pela tua e suportou amargos tormentos para que tu não suportasses os tormentos eternos. Que poderá haver para ti de duro e medonho, se te lembrares de que Aquele que era de condição divina na luz da sua eternidade, antes do nascer da aurora, no esplendor dos santos, Ele mesmo resplendor e imagem da substância de Deus, veio à tua prisão, enterrar-Se até ao pescoço, como se costuma dizer, no fundo do teu lodo? (Fil 2,6; Sl 109,3; Heb 1,3; Sl 68,3)

O que não te parecerá suave, quando tiveres reunido no teu coração todas as tristezas do teu Senhor e te lembrares, primeiro, das condicionantes da sua infância, depois, das fadigas da sua pregação, das tentações dos seus jejuns, das suas vigílias de oração, das suas lágrimas de compaixão, das maquinações que armaram contra Ele [...] das injúrias, dos escarros, das bofetadas, das chicotadas, do escárnio, da troça, dos pregos, de tudo o que suportou para nossa salvação?

Que compaixão imerecida, que amor gratuito assim provado, que estima inesperada, que doçura surpreendente, que bondade invencível! O Rei da glória (Sl 23) crucificado por um escravo desprezível! Quem ouviu jamais tal coisa, quem viu alguma vez algo semelhante? «Dificilmente alguém morria por um justo» (Rom, 5,7); Ele, porém, foi por inimigos e por injustos que morreu, escolhendo deixar o Céu para nos conduzir ao Céu, ele, o amigo, o sábio conselheiro, o apoio firme. Que darei eu ao Senhor por tudo quanto Ele me deu? (Sl 115,3)

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segunda-feira, 8 de abril de 2019

A luz do mundo

Segunda-Feira, 8 De Abril
Segunda-feira da 5ª semana da Quaresma

Calendário ordinário


Santa Cacilda - Santa Cacilda | Santa Júlia Billiart - virgem, fundadora, +1816 | Mais...


Livro de Daniel 13,1-9.15-17.19-30.33-62.

Naqueles dias, morava em Babilónia um homem chamado Joaquim.
Tinha desposado uma mulher chamada Susana, filha de Helcias, muito bela e temente ao Senhor.
Os seus pais eram justos e tinham instruído a filha na Lei de Moisés.
Joaquim era muito rico e tinha um jardim contíguo à sua casa. Os judeus reuniam-se com ele frequentemente, porque era o mais ilustre de todos eles.
Naquele ano tinham designado como juízes dois anciãos do povo, daqueles que o Senhor denunciara, dizendo: «De Babilónia veio a iniquidade de velhos que passavam por dirigentes do povo».
Estes dois frequentavam a casa de Joaquim e a eles recorriam todos os que tinham alguma questão de justiça.
Quando, ao meio do dia, o povo se retirava, Susana vinha passear para o jardim do seu marido.
Os dois velhos observavam-na todos os dias, quando entrava no jardim para passear, e apaixonaram-se por ela.
Perverteram a sua mente e desviaram os seus olhos de modo a não olharem para o Céu e não se lembrarem dos seus justos juízos.
Estando eles à espera de ocasião favorável, um dia Susana veio, como de costume, acompanhada somente de duas meninas; e, como estava calor, quis tomar banho no jardim.
Não se encontrava ali ninguém, senão os dois velhos escondidos a espreitá-la.
Susana disse às meninas: «Trazei-me óleo e unguentos e fechai as portas do jardim, para eu tomar banho».
Logo que elas saíram, os dois velhos levantaram-se, correram para junto de Susana
e disseram-lhe: «As portas do jardim estão fechadas, ninguém nos vê e nós estamos apaixonados por ti. Dá-nos o teu consentimento e entrega-te a nós.
Senão, acusar-te-emos dizendo que estava contigo um jovem e por isso mandaste embora as meninas».
Então Susana gemeu e exclamou: «Estou cercada por todos os lados: se praticar semelhante coisa, espera-me a morte; se não a praticar, não poderei fugir às vossas mãos.
Mas prefiro cair nas vossas mãos sem ter feito nada a pecar na presença do Senhor».
Então Susana gritou com voz forte, mas os dois velhos gritaram também contra ela
e um deles correu a abrir as portas do jardim.
Logo que as pessoas da casa ouviram estes gritos no jardim, precipitaram-se pela porta do lado, para verem o que tinha acontecido.
Quando os velhos contaram a sua versão, os servos coraram de vergonha, pois nunca se tinha dito de Susana semelhante coisa.
No dia seguinte, quando o povo se reuniu em casa de Joaquim, marido de Susana, vieram os dois velhos cheios de rancor contra ela, pretendendo condená-la à morte.
E disseram diante do povo: «Mandai chamar Susana, filha de Helcias, mulher de Joaquim». Foram buscá-la
e ela veio com os pais, os filhos e todos os parentes.
Os seus familiares choravam, assim como todos os que a viam.
Os dois velhos levantaram-se no meio do povo e puseram as mãos sobre a cabeça de Susana.
Ela, a soluçar, ergueu os olhos ao Céu, porque o seu coração confiava no Senhor.
Os velhos disseram: «Enquanto passeávamos sós pelo jardim, entrou ela com duas servas; fechou as portas do jardim e mandou embora as servas.
Veio então ter com ela um jovem, que estava escondido, e deitou-se com ela.
Nós, que estávamos a um canto do jardim, ao ver aquela maldade, corremos sobre eles.
Embora os tivéssemos visto juntos, não pudemos agarrar o jovem, porque era mais forte do que nós, e, abrindo a porta, pôs-se em fuga.
A ela, porém, apanhámo-la e perguntámos-lhe quem era o jovem, mas ela não quis dizer-nos. Somos testemunhas do facto».
A assembleia deu-lhes crédito, por serem anciãos do povo e juízes, e condenou Susana à morte.
Então Susana disse em altos brados: «Deus eterno, que sabeis o que é secreto e conheceis todas as coisas antes que aconteçam,
Vós sabeis que eles proferiram contra mim um falso testemunho. E eu vou morrer, sem ter feito nada do que eles maliciosamente disseram contra mim».
O Senhor ouviu a oração de Susana.
Quando a levavam para ser executada, Deus despertou o espírito santo dum rapazinho chamado Daniel,
que gritou com voz forte: «Eu sou inocente da morte desta mulher».
Todo o povo se voltou para ele e perguntou: «Que palavras são essas que acabas de dizer?»
Daniel, de pé no meio deles, respondeu: «Sois tão insensatos, ó filhos de Israel, que, sem julgamento nem conhecimento claro dos factos, condenais uma filha de Israel?
Voltai ao tribunal, porque estes dois homens levantaram contra ela um falso testemunho».
O povo regressou a toda a pressa e os anciãos disseram a Daniel: «Vem sentar-te no meio de nós e expõe-nos o teu pensamento, pois Deus concedeu-te a dignidade dos anciãos».
Daniel disse-lhes: «Separai-os um do outro e eu os julgarei».
Quando os separaram, Daniel chamou o primeiro e disse-lhe: «Envelheceste na prática do mal, mas agora aparecem os pecados que outrora cometeste,
quando lavravas sentenças injustas, condenando os inocentes e absolvendo os culpados, apesar de o Senhor dizer: 'Não dareis a morte ao inocente e ao justo'.
Pois bem. Se viste esta mulher, debaixo de que árvore descobriste os dois juntos?». Ele respondeu: «Debaixo de um lentisco».
Replicou Daniel: «A tua mentira cairá sobre a tua cabeça, pois o Anjo de Deus já recebeu a sentença, para te rachar ao meio».
Depois de o terem afastado, Daniel ordenou que trouxessem o outro e disse-lhe: «Raça de Canaã e não de Judá, a beleza seduziu-te e o desejo perverteu-te o coração.
Era assim que procedíeis com as filhas de Israel e elas por medo entregavam-se a vós.
Pois bem, diz-me então: Debaixo de que árvore os surpreendeste juntos?» Ele respondeu: «Debaixo de um carvalho».
Replicou Daniel: «A tua mentira cairá sobre a tua cabeça, pois o Anjo de Deus está à tua espera com a espada na mão para te cortar ao meio. Assim acabará convosco».
Toda a assembleia clamou em alta voz, bendizendo a Deus, que salva aqueles que esperam n'Ele.
Levantaram-se então contra os dois velhos, porque Daniel os tinha convencido de falso testemunho, pela sua própria boca.
Para cumprirem a Lei de Moisés, aplicaram-lhes a mesma pena que tão impiamente tinham preparado para o seu próximo e executaram-nos; e foi salva naquele dia uma vida inocente.

Livro dos Salmos 23(22),1-3a.3b-4.5.6.

O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança.

Para mim preparais a mesa,
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça,
e o meu cálice transborda.

A bondade e a graça hão de acompanhar-me,
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.

Evangelho segundo São João 8,12-20.

Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: «Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.»
Os que estão em terreno pedregoso são aqueles que, ao ouvirem, acolhem a palavra com alegria, mas, como não têm raiz, acreditam por algum tempo e afastam-se quando chega a provação.
A semente que caiu entre espinhos são aqueles que ouviram, mas, sob o peso dos cuidados, da riqueza e dos prazeres da vida, sentem-se sufocados e não chegam a amadurecer.
A semente que caiu em boa terra são aqueles que ouviram a palavra com um coração nobre e generoso, a conservam e dão fruto pela sua perseverança».
Mas, mesmo que Eu julgue, o meu julgamento é verdadeiro, porque não estou só, mas Eu e o Pai que me enviou.
Na vossa Lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é válido;
sou Eu a dar testemunho a favor de mim, e também dá testemunho a meu favor o Pai que me enviou.»
Perguntaram-lhe, então: «Onde está o teu Pai?» Jesus respondeu: «Não me conheceis a mim, nem ao meu Pai. Se me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai.»
Jesus pronunciou estas palavras junto das caixas das ofertas, quando estava a ensinar no templo. E ninguém o prendeu, porque ainda não tinha chegado a sua hora.

Tradução litúrgica da Bíblia




Santo Agostinho (354-430)
bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermões sobre o Evangelho de João, n.° 34

«Eu sou a luz do mundo»: estas palavras do Senhor são claramente, em minha opinião, para aqueles que têm olhos que lhes permitem participar dessa luz; mas aqueles que só têm os olhos do corpo admiram-se de ouvir Nosso Senhor Jesus Cristo dizer: «Eu sou a luz do mundo». Talvez haja mesmo alguns que dizem para si próprios: não será Cristo este Sol que, ao nascer e ao pôr-se, determina o dia? [...] Não, Cristo não é esse Sol. O Senhor não é o Sol que foi criado, mas Aquele por quem o Sol foi criado: «Por Ele é que tudo começou a existir; e sem Ele nada veio à existência» (Jo 1,3). Ele é, pois, a luz que criou esta luz que vemos. Amemos esta Luz, compreendamo-la, desejemo-la, para chegarmos um dia junto dela, conduzidos por ela, e para vivermos nela de forma a nunca mais morrermos. [...]

Portanto, meus irmãos, se tiverdes olhos que veem as coisas da alma, vereis que luz é esta da qual o Senhor declara: «Quem Me segue não andará nas trevas». Segui este sol e não caminhareis nas trevas; pois eis que ele se eleva e avança na vossa direção e, seguindo o seu caminho, se dirige para ocidente. Tu, porém, deves caminhar para o sol nascente, que é Cristo.

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domingo, 7 de abril de 2019

«Nem Eu te condeno»

Domingo, 7 De Abril
5º Domingo da Quaresma

Calendário ordinário


S. Pedro Nguyen Van Luu - S. Pedro Nguyen Van Luu | S. João Baptista de la Salle - presbítero, fundador, +1719 | Mais...


Livro de Isaías 43,16-21.

O Senhor abriu outrora caminhos através do mar, veredas por entre as torrentes das águas.
Pôs em campanha carros e cavalos, um exército de valentes guerreiros; e todos caíram para não mais se levantarem, extinguiram-se como um pavio que se apaga.
Eis o que diz o Senhor: «Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados, não presteis atenção às coisas antigas.
Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes? Vou abrir um caminho no deserto, fazer brotar rios na terra árida.
Os animais selvagens __ chacais e avestruzes __ proclamarão a minha glória, porque farei brotar água no deserto, rios na terra árida, para matar a sede ao meu povo escolhido,
o povo que formei para Mim e que proclamará os meus louvores».

Livro dos Salmos 126(125),1-2ab.2cd-3.4-5.6.

Quando o Senhor fez regressar os cativos de Sião,
parecia-nos viver um sonho.
Da nossa boca brotavam expressões de alegria
e de nossos lábios cânticos de júbilo.

Diziam então os pagãos:
«O Senhor fez por eles grandes coisas».
Sim, grandes coisas fez por nós o Senhor,
estamos exultantes de alegria.

Fazei regressar, Senhor, os nossos cativos,
como as torrentes do deserto.
Os que semeiam em lágrimas
recolhem com alegria.

À ida, vão a chorar,
levando as sementes;
à volta, vêm a cantar,
trazendo os molhos de espigas.

Carta aos Filipenses 3,8-14.

Irmãos: Considero todas as coisas como prejuízo, comparando-as com o bem supremo, que é conhecer Jesus Cristo, meu Senhor. Por Ele renunciei a todas as coisas e considerei tudo como lixo, para ganhar a Cristo
e n'Ele me encontrar, não com a minha justiça que vem da Lei, mas com a que se recebe pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e se funda na fé.
Assim poderei conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação nos seus sofrimentos, configurando-me à sua morte,
para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos.
Não que eu tenha já chegado à meta, ou já tenha atingido a perfeição. Mas continuo a correr, para ver se a alcanço, uma vez que também fui alcançado por Cristo Jesus.
Não penso, irmãos, que já o tenha conseguido. Só penso numa coisa: esquecendo o que fica para trás, lançar-me para a frente,
continuar a correr para a meta, em vista do prémio a que Deus, lá do alto, me chama em Cristo Jesus.

Evangelho segundo São João 8,1-11.

Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras.
Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo, e todo o povo se aproximou d'Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar.
Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus:
«Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério.
Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?».
Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão.
Como persistiam em interrogá-l'O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra».
Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão.
Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio.
Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?».
Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».

Tradução litúrgica da Bíblia




São João Paulo II (1920-2005)
papa
Encíclica « Dives in Misericordia » § 7 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana)

A redenção é precisamente a última e definitiva revelação da santidade de Deus, que é a plenitude absoluta da perfeição: plenitude da justiça e do amor, pois a justiça funda-se no amor, dele provém e para ele tende. Na Paixão e morte de Cristo — no facto de o Pai não ter poupado o seu próprio Filho, mas O ter tratado «como pecado por nós» (2Cor 5,21) — manifesta-se a justiça absoluta, porque Cristo sofre a Paixão e a cruz por causa dos pecados da hurnanidade. Dá-se, na verdade, a «superabundância» da justiça, porque os pecados do homem são «compensados» pelo sacrifício do Homem-Deus.

Esta justiça, que é verdadeiramente justiça «à medida» de Deus, nasce toda do amor, do amor do Pai e do Filho, e frutifica inteiramente no amor. Precisamente por isso, a justiça divina revelada na cruz de Cristo é «à medida» de Deus, porque nasce do amor e se realiza no amor, produzindo frutos de salvação. A dimensão divina da redenção não se verifica somente em ter feito justiça do pecado, mas também no facto de ter restituído ao amor a sua força criativa, graças à qual o homem tem novamente acesso à plenitude de vida e de santidade que provém de Deus. Deste modo, a redenção traz em si a revelação da misericórdia na sua plenitude.

O mistério pascal é o ponto culminante da revelação e atuação da misericórdia, capaz de justificar o homem, e de restabelecer a justiça como realização do desígnio salvífico que Deus, desde o princípio, tinha querido realizar no homem e, por meio do homem, no mundo.

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