Quinta-feira, dia  22 de Março de 2018
  
  Quinta-feira da 5ª da Quaresma
  
S. Zacarias, papa, +752,  S. Saturnino, bispo e mártir, séc. III  
  Comentário do dia
São Cirilo de Jerusalém :   «Serás Tu maior do que o nosso pai Abraão?»  
  Gén. 17,3-9.      Naqueles  dias, Abrão caiu de rosto por terra e Deus falou-lhe assim: 
«Esta é a  minha aliança contigo: Serás pai de um grande número de nações.  
Já não te chamarás Abrão, mas Abraão será o teu nome, porque farei  de ti o pai de um grande número de nações.  
Farei que tenhas incontável descendência que dês origem a povos e de  ti sairão reis.  
Estabelecerei a minha aliança contigo e com a tua descendência, de  geração em geração. Será uma aliança perpétua, para que Eu seja o teu  Deus e o Deus dos teus futuros descendentes.  
A ti e à tua futura descendência darei a terra em que tens habitado  como estrangeiro, toda a terra de Canaã, em posse perpétua. Serei o vosso  Deus».  
Deus disse ainda a Abraão: «Guardarás a minha aliança, tu e a tua  descendência, de geração em geração.  
    
  Salmos 105(104),4-5.6-7.8-9.      Procurai o  Senhor e o seu poder,   
buscai sempre a sua face.  
Recordai as suas maravilhas,   
os seus prodígios e os oráculos da sua boca.  
Vós, descendentes de Abraão, seu servo,   
filhos de Jacob, seu eleito,  
o Senhor é o nosso Deus   
e as suas sentenças são lei em toda a terra.  
Ele recorda sempre a sua aliança,   
a palavra que empenhou para mil gerações, 
o pacto que  estabeleceu com Abraão,   
o juramento que fez a Isaac. 
  
  
  João 8,51-59.      Naquele  tempo, disse Jesus aos judeus: «Em verdade, em verdade vos digo: Se alguém  guardar a minha palavra, nunca verá a morte». 
Responderam-Lhe os  judeus: «Agora sabemos que tens o demónio. Abraão morreu, os profetas  também, mas Tu dizes: 'Se alguém guardar a minha palavra, nunca sofrerá a  morte'.  
Serás Tu maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? E os profetas  também morreram. Quem pretendes ser?»  
Disse-lhes Jesus: «Se Eu Me glorificar a Mim próprio, a minha glória  não vale nada. Quem Me glorifica é meu Pai, Aquele de quem dizeis: 'É o  nosso Deus'.  
Vós não O conheceis, mas Eu conheço-O; e se dissesse que não O  conhecia, seria mentiroso como vós. Mas Eu conheço-O e guardo a sua palavra.  
Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; ele viu-o e exultou de  alegria».  
Disseram-Lhe então os judeus: «Ainda não tens cinquenta anos e viste  Abraão?!»  
Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Antes de  Abraão existir, 'Eu sou'».  
Então agarraram em pedras para apedrejarem Jesus, mas Ele ocultou-Se e  saiu do templo.  
    
    
  Tradução litúrgica da Bíblia  
  
    
  Comentário do dia:   
  São Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém, doutor da Igreja  
  Catequeses baptismais, n.º 5  
  «Serás Tu maior do que o nosso pai Abraão?»
      Muito haveria a dizer acerca da fé. Mas basta-nos lançar olhar sobre um dos  modelos que o Antigo Testamento nos dá, Abraão, pois somos seus filhos pela  fé. Ele não foi justificado só pelas obras, mas também pela fé: praticara  muitas ações boas, mas só depois de ter dado prova da sua fé foi chamado  amigo de Deus. As suas obras tornaram-se perfeitas pela sua fé. De facto, foi  pela fé que deixou os seus pais; foi pela fé que deixou a sua pátria e a  sua casa. Ora, da mesma forma que ele foi justificado, também tu te tornas  justo. Com o passar do tempo, o seu corpo tornou-se incapaz de ser pai, porque  era velho; Sara, a quem ele se unira, também já era idosa. Não tinham,  pois, nenhuma esperança de ter descendência. Mas Deus anuncia a esse ancião  que será pai, e a fé de Abraão não vacilou. Considerando que o seu corpo  estava já próximo da morte, não teve em conta a sua incapacidade física,  mas o poder daquele que prometera, pois julgou que aquele que lhe fizera tal  promessa era digno de confiança . Foi assim que, de dois corpos já marcados  de algum modo pela morte, nasceu um filho. [...]  
  
É o exemplo da fé de Abraão que nos torna a todos seus filhos. De que  maneira? Os homens consideram inacreditável a ressurreição dos mortos, como  é inacreditável que dois velhos, marcados já para a morte, possam gerar  descendência. Mas quando nos anunciam a boa nova de Cristo, crucificado na  cruz, morto e ressuscitado, acreditamos. É, pois, pela semelhança com a sua  fé que entramos na filiação de Abraão. E então, com a fé, recebemos como  ele o vaso espiritual, somos circuncidados no batismo pelo selo do Espírito  Santo.