quinta-feira, 15 de março de 2018

Liturgia do Dia - sua Profecia diária


Quinta-feira, dia 15 de Março de 2018

Quinta-feira da 4ª da Quaresma

Beato Artémides Zatti, religioso enfermeiro, +1951, Santa Luísa de Marillac, viúva, religiosa, +1660, S. Clemente Maria Hofbauer, confessor, +1821

Comentário do dia
Afraate : «Se acreditásseis em Moisés, acreditaríeis em Mim»

Ex. 32,7-14.

Naqueles dias, o Senhor falou a Moisés, dizendo: «Desce depressa, porque o teu povo, que tiraste da terra do Egipto, corrompeu-se.
Não tardaram em desviar-se do caminho que lhes tracei. Fizeram um bezerro de metal fundido, prostraram-se diante dele, ofereceram-lhe sacrifícios e disseram: 'Este é o teu Deus, Israel, que te fez sair da terra do Egipto'».
O Senhor disse ainda a Moisés: «Tenho observado este povo: é um povo de dura cerviz.
Agora deixa que a minha indignação se inflame contra eles e os destrua. De ti farei uma grande nação».
Então Moisés procurou aplacar o Senhor, seu Deus, dizendo: «Por que razão, Senhor, se há-de inflamar a vossa indignação contra o vosso povo, que libertastes da terra do Egipto com tão grande força e mão tão poderosa?
Porque hão de dizer os egípcios: 'Foi com má intenção que o Senhor os fez sair, para lhes dar a morte nas montanhas e os exterminar da face da terra'? Abandonai o furor da vossa ira e desisti do mal contra o vosso povo.
Lembrai-Vos dos vossos servos Abraão, Isaac e Israel, a quem jurastes pelo vosso nome, dizendo: 'Farei a vossa descendência tão numerosa como as estrelas do céu e dar-lhe-ei para sempre em herança toda a terra que vos prometi'».
Então o Senhor desistiu do mal com que tinha ameaçado o seu povo.


Salmos 106(105),19-20.21-22.23.

Fizeram um bezerro no Horeb
e adoraram um ídolo de metal fundido.
Trocaram a sua glória
pela figura de um boi que come feno.

Esqueceram a Deus que os salvara,
que realizara prodígios no Egipto,
maravilhas na terra de Cam,
feitos gloriosos no Mar Vermelho.

E pensava já em exterminá-los,
se Moisés, o seu eleito,
não intercedesse junto d'Ele
e aplacasse a sua ira para não os destruir




João 5,31-47.

Naquele tempo, Jesus disse aos judeus: «Se Eu der testemunho de Mim mesmo, o meu testemunho não será considerado verdadeiro.
É outro que dá testemunho de Mim e Eu sei que o testemunho que Ele dá de Mim é verdadeiro.
Vós mandastes emissários a João Batista e ele deu testemunho da verdade.
Não é de um homem que Eu recebo testemunho, mas digo-vos isto para que sejais salvos.
João era uma lâmpada que ardia e brilhava e vós, por um momento, quisestes alegrar-vos com a sua luz.
Mas Eu tenho um testemunho maior que o de João, pois as obras que o Pai Me deu para consumar — as obras que Eu realizo— dão testemunho de que o Pai Me enviou».
E o Pai, que Me enviou, também Ele deu testemunho de Mim. Nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua figura
e a sua palavra não habita em vós, porque não acreditais n'Aquele que Ele enviou.
Examinais as Escrituras, pensando encontrar nelas a vida eterna; são elas que dão testemunho de Mim
e não quereis vir a Mim para encontrar essa vida.
Não é dos homens que Eu recebo glória;
mas Eu conheço-vos e sei que não tendes em vós o amor de Deus.
Vim em nome de meu Pai e não Me recebeis; mas se vier outro em seu próprio nome, recebê-lo-eis.
Como podeis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não procurais a glória que vem só de Deus?
Não penseis que Eu vou acusar-vos ao Pai: o vosso acusador será Moisés, em quem pusestes a vossa esperança.
Se acreditásseis em Moisés, acreditaríeis em Mim, pois ele escreveu a meu respeito.
Mas se não acreditais nos seus escritos, como haveis de acreditar nas minhas palavras?».



Tradução litúrgica da Bíblia



Comentário do dia:

Afraate (?-c. 345), monge e bispo de Nínive, perto de Mossul
«Exposições», n.° 21

«Se acreditásseis em Moisés, acreditaríeis em Mim»

Moisés foi perseguido, tal como Jesus foi perseguido. Esconderam-no por altura do seu nascimento, para que não fosse morto pelos perseguidores; Jesus foi obrigarado a fugir para o Egito logo que nasceu, para que Herodes, o seu perseguidor, não o matasse. Quando Moisés nasceu, as crianças eram afogadas no rio; quando nasceu Jesus, mataram os meninos de Belém e dos arredores. Deus disse a Moisés: «Morreram aqueles que queriam a tua vida» (Ex 4,19); e o anjo disse a José, no Egito: «Levanta-te, toma o Menino e volta para a terra de Israel, porque morreram os que queriam a sua vida» (Mt 2,20). Moisés conduziu o povo para longe da servidão do Faraó; Jesus salvou todos os povos da servidão de Satanás. [...] Quando Moisés imolou o cordeiro, os primogénitos dos egípcios foram mortos; Jesus tornou-Se o verdadeiro cordeiro quando o crucificaram. [...] Moisés fez descer o maná do céu para alimentar o seu povo; Jesus deu o seu próprio corpo aos povos. Moisés amaciou as águas amargas com a madeira; Jesus amaciou a nossa amargura sendo crucificado no madeiro. Moisés fez descer a Lei para o povo; Jesus deu um testamento a todos os povos. Moisés venceu os amalecitas estendendo os braços; Jesus venceu Satanás com o sinal da cruz.

Moisés fez sair água do rochedo para o povo; Jesus enviou Simão Pedro a levar os seus ensinamentos aos povos. Moisés retirava o véu do rosto para falar com Deus; Jesus retirou o véu que cobria o rosto dos povos para que eles ouvissem e recebessem os seus ensinamentos (2Cor 3,16). Moisés impôs as mãos aos anciãos e eles receberam o sacerdócio; Jesus impôs a mão aos apóstolos e eles receberam o Espírito Santo. Moisés subiu à montanha e aí morreu; Jesus subiu ao Céu e sentou-se à direita de seu Pai.     







quarta-feira, 14 de março de 2018

Liturgia do Dia - sua Profecia diária


Quarta-feira, dia 14 de Março de 2018

Quarta-feira da 4ª semana da Quaresma

Beata Josefina Gabriela Bonino, virgem, fundadora, +1906, Santa Matilde, rainha da Prússia, +968

Comentário do dia
Carta a Diogneto : «querer[iam] dar-Lhe a morte [...] também por chamar a Deus seu Pai"»

Is. 49,8-15.

Assim fala o Senhor: «No tempo da graça, Eu te ouvi; no dia da salvação, Eu te ajudei. Eu te formei e designei para renovar a aliança do povo, para restaurar a terra e reocupar as herdades devastadas;
para dizer aos prisioneiros: 'Saí para fora' e àqueles que vivem nas trevas: 'Vinde para a luz'. Hão de alimentar-se em todos os caminhos e acharão pastagem em todas as encostas.
Não sentirão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles, porque Aquele que tem compaixão deles os guiará e os conduzirá às nascentes da água.
De todas as minhas montanhas farei caminhos e as minhas estradas serão niveladas.
Ei-los que vêm de longe: uns do Norte e do Poente, outros da terra de Sinim.
Rejubilai, ó céus; exulta, ó terra; montes, soltai gritos de alegria, porque o Senhor consola o seu povo e tem compaixão dos seus pobres.
Sião dizia: 'O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim'.
Pode a mulher esquecer-se da criança que amamenta e não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Mas ainda que ela o esquecesse, Eu nunca te esquecerei».


Salmos 145(144),8-9.13cd-14.17-18.

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
O Senhor é bom para com todos,
e a sua misericórdia se estende a todas as criaturas.

O Senhor é fiel à sua palavra
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor ampara os que vacilam
e levanta todos os oprimidos.

O Senhor é justo em todos os seus caminhos
e perfeito em todas as suas obras.
O Senhor está perto de quantos O invocam,
de quantos O invocam em verdade.




João 5,17-30.

Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: «Meu Pai trabalha incessantemente e Eu também trabalho em todo o tempo».
Esta afirmação era mais um motivo para os judeus quererem dar-Lhe a morte: não só por violar o sábado, mas também por chamar a Deus seu Pai, fazendo-Se igual a Deus.
Então Jesus tomou a palavra e disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: O Filho nada pode fazer por Si próprio, mas só aquilo que viu fazer ao Pai; e tudo o que o Pai faz também o Filho o faz igualmente.
Porque o Pai ama o Filho e Lhe manifesta tudo quanto faz; e há-de manifestar-Lhe coisas maiores que estas, de modo que ficareis admirados.
Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim o Filho dá vida a quem Ele quer.
O Pai não julga ninguém: entregou ao Filho o poder de tudo julgar,
para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que O enviou.
Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e acredita n'Aquele que Me enviou tem a vida eterna e não será condenado, porque passou da morte à vida.
Em verdade, em verdade vos digo: Aproxima-se a hora _ e já chegou _ em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão.
Assim como o Pai tem a vida em Si mesmo, assim também concedeu ao Filho que tivesse a vida em Si mesmo;
e deu-Lhe o poder de julgar, porque é o Filho do homem.
Não vos admireis do que estou a dizer, porque vai chegar a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz:
Os que tiverem praticado boas obras irão para a ressurreição dos vivos e os que tiverem praticado o mal para a ressurreição dos condenados.
Eu não posso fazer nada por Mim próprio: julgo segundo o que oiço e o meu juízo é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou».



Tradução litúrgica da Bíblia



Comentário do dia:

Carta a Diogneto (c. 200)
Capítulo. 9

«querer[iam] dar-Lhe a morte [...] também por chamar a Deus seu Pai"»

Até aos nossos dias, que são os últimos, Deus foi permitindo que nos deixássemos conduzir ao sabor das nossas inclinações desordenadas, levados pelos prazeres e pelas paixões. Não que Ele tivesse o menor prazer nos nossos pecados; de modo nenhum! Apenas tolerava este tempo de iniquidade, sem nele consentir. Preparava assim o tempo atual da justiça, a fim de que, convencidos de termos sido indignos durante esse período por causa das nossas faltas, nos tornássemos agora dignos dele em razão da bondade divina. [...]  

Ele não nos odiou nem nos rejeitou. [...] Enchendo-Se de piedade por nós, encarregou-Se Ele mesmo das nossas faltas e entregou o seu próprio Filho em resgate por nós: o santo pelos ímpios, o inocente pelos malfeitores, «o justo pelos injustos» (1Pe 3,18), o incorruptível pelos corrompidos, o imortal pelos mortais. Que outra coisa, para além da sua justiça, teria podido cobrir os nossos pecados? Em quem poderíamos ser justificados [...], senão no Filho único de Deus? Suave troca, obra insondável, benefícios inesperados! O crime de uma multidão é coberto pela justiça de um só e a justiça de um só justifica inúmeros culpados. No passado, Ele convenceu a nossa natureza da sua incapacidade para alcançar a vida; agora mostrou-nos o Salvador capaz de salvar o que não podia ser salvo. Por estas duas vias, quis encher-nos de fé na sua bondade e fazer-nos ver nele o que dá o alimento, o pai, o mestre, o conselheiro, o médico, a inteligência, a luz, a honra, a glória, a força e a vida.







terça-feira, 13 de março de 2018

Liturgia do Dia - sua Profecia diária


Terça-feira, dia 13 de Março de 2018

Terça-feira da 4ª semana da Quaresma

S. Salomão, mártir, +857, S. Rodrigo, mártir, +857, Santa Eufrásia, virgem, +412, Santa Serafina, virgem, +1253

Comentário do dia
São Gregório de Nissa : Salvos pela água

Ezeq. 47,1-9.12.

Naqueles dias, o Anjo reconduziu-me à entrada do templo. Debaixo do limiar da porta saía água em direção ao Oriente, pois a fachada do templo estava voltada para o Oriente. As águas corriam da parte inferior, do lado direito do templo, ao sul do altar.
O Anjo fez-me sair pela porta setentrional e contornar o templo por fora, até à porta exterior que está voltada para o Oriente. As águas corriam do lado direito.
Depois saiu na direção do Oriente com uma corda na mão; mediu mil côvados e mandou-me atravessar: a água chegava-me aos tornozelos.
Mediu outros mil côvados e mandou-me atravessar: a água chegava-me aos joelhos. Mediu ainda mil côvados e mandou-me atravessar: a água chegava-me à cintura.
Por fim, mediu mais mil côvados: era uma torrente que eu não podia atravessar. As águas tinham aumentado até se perder o pé, formando um rio impossível de transpor.
Disse-me então o Anjo: «Viste, filho do homem?» E fez-me voltar para a margem da torrente.
Quando cheguei, vi nas margens da torrente uma grande quantidade de árvores, de um e outro lado.
O Anjo disse-me: «Esta água corre para a região oriental, desce para Arabá e entra no mar, para que as suas águas se tornem salubres.
Todo o ser vivo que se move na água onde chegar esta torrente terá novo alento e o peixe será mais abundante. Porque aonde esta água chegar, tornar-se-ão sãs as outras águas e haverá vida por toda a parte aonde chegar esta torrente.
À beira da torrente, nas duas margens, crescerá toda a espécie de árvores de fruto; a sua folhagem não murchará, nem acabarão os seus frutos. Todos os meses darão frutos novos, porque as águas vêm do santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas de remédio».


Salmos 46(45),2-3.5-6.8-9.

Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
auxílio sempre pronto na adversidade.
Por isso nada receamos ainda que a terra vacile
e os montes se precipitem no fundo do mar.

Os braços dum rio alegram a cidade de Deus,
a mais santa das moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela e a torna inabalável,
Deus a protege desde o romper da aurora.

O Senhor dos Exércitos está connosco,
o Deus de Jacob é a nossa fortaleza.
Vinde e contemplai as obras do Senhor,
as maravilhas que realizou na terra.





João 5,1-16.

Naquele tempo, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém.
Existe em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, uma piscina, chamada, em hebraico, Betsatá, que tem cinco pórticos.
e neles jaziam numerosos doentes, cegos, coxos e paralíticos.

Estava ali também um homem, enfermo havia trinta e oito anos.
Ao vê-lo deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, Jesus perguntou-lhe: «Queres ser curado?»
O enfermo respondeu-Lhe: «Senhor, não tenho ninguém que me introduza na piscina, quando a água é agitada; enquanto eu vou, outro desce antes de mim».
Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda».
No mesmo instante o homem ficou são, tomou a sua enxerga e começou a caminhar. Ora aquele dia era sábado.
Diziam os judeus àquele que tinha sido curado: «Hoje é sábado: não podes levar a tua enxerga».
Mas ele respondeu-lhes: «Aquele que me curou disse-me: 'Toma a tua enxerga e anda'».
Perguntaram-lhe então: «Quem é que te disse: 'Toma a tua enxerga e anda'».
Mas o homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha-Se afastado da multidão que estava naquele local.
Mais tarde, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: «Agora estás são. Não voltes a pecar, para que não te suceda coisa pior».
O homem foi então dizer aos judeus que era Jesus quem o tinha curado.
Desde então os judeus começaram a perseguir Jesus, por fazer isto num dia de sábado.



Tradução litúrgica da Bíblia



Comentário do dia:

São Gregório de Nissa (c. 335-395), monge, bispo
«Vida de Moisés», II, 121s; SC 1

Salvos pela água

Qualquer homem que oiça o relato do mar Vermelho compreende o mistério da água, à qual se desce com todo o exército dos inimigos e da qual se emerge sozinho, deixando o exército dos inimigos afundado no abismo. E percebe que este exército dos egípcios [...] são as diversas paixões da alma às quais o homem se encontra sujeito: sentimentos de ira, impulsos diversos de prazer, de tristeza, de avareza. [...] Todas estas coisas, e aquelas que estão na sua origem, com o chefe que promove o ataque odioso, se precipitam na água atrás dos israelitas.

Mas a água, pela força da vara da fé e o poder da nuvem luminosa (Ex, 14,16.19), torna-se uma fonte de vida para aqueles que nela procuram refúgio - e fonte de morte para quantos os perseguem. [...] Isto significa, quando se deteta o sentido oculto neste acontecimento, que todos quantos passam pela água sacramental do batismo devem fazer morrer na água as más inclinações que os combatem - a avareza, os desejos impuros, o espírito de rapina, os sentimentos de vaidade e de orgulho, os impulsos de ira, a inveja, o ciúme...

É como o mistério da Páscoa judaica: chamava-se «páscoa» ao cordeiro cujo sangue preservara da morte os que dele tinham usufruído (Ex 12,21.23). Neste mistério, a Lei ordena que se coma, com a páscoa, pães ázimos, sem o velho fermento, ou seja, que nenhum resto de pecado apareça misturado com a vida nova (1Cor 5,7-8). [...] Da mesma maneira, temos de afundar todo o exército egípcio, isto é, todas as formas de pecado, no banho da salvação, qual abismo do mar, e dele emergir sozinhos, sem nada que nos seja estranho.