quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

33catolico a serviço da Igreja

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Papa João XXIII “o que teriam dito de mim meu pai e minha mãe”

Posted: 13 Jan 2011 02:00 AM PST

Papa João XXIII "o que teriam dito de mim meu pai e minha mãe"

As anedotas sobre a vida do Papa João XXIII são muitas. Uma delas é sobre o diálogo que se deu entre o Papa e o seu secretário, após a solene coroação na Basílica de São Pedro. O Papa já estava nos seus aposentos e caminhava para frente e para trás com uma mão no bolso e a outra contando as contas do terço. Andava pensativo e cabisbaixo. Vendo isto, o secretário se preocupou e perguntou:

·         O que o senhor tem? Não está passando bem?
·         Não, estou bem, meu filho, estou só um pouco triste, de verdade, um pouco triste, respondeu o Papa.
·         Mas por que, santidade? – retrucou o secretário – Não deve; olhe pela janela, que dia magnífico, que alegria, que triunfo da fé!
·         E o Santo Padre respondeu: tudo isso é muito grande para mim, é rico demais, é luxuoso demais. Acredite, quando me carregaram naquela cadeira, me senti humilhado: sim, foi para mim uma humilhação ver-me levantado tão alto! Olhei no meio do povo e pensei: "o que teriam dito de mim meu pai e minha mãe se tivessem me visto naquela situação"

Essas palavras do Papa João XXIII são um grande exemplo de humildade.

Ele sabia muito bem que não podia confundir a responsabilidade do cargo que estava ocupando com a sua pobre realidade humana. A lembrança das suas humildes origens, dos pais e dos irmãos camponeses, sempre o acompanhou. Em nenhum momento, nem na hora da coroação, pensou em se considerar superior aos outros. Ao contrário, ficou triste por tanta imerecida exaltação. Nem o canto "Tu és Pedro!" mudou a consciência dele.

Dom Pedro José Conti,
Bispo de Macapá

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Comunidade São Paulo Apóstolo

Justo a mim me coube ser eu! – Igreja Católica

Posted: 13 Jan 2011 01:00 AM PST

Toda vez que minha avó paterna me dizia, que o molde em que fui feita fora quebrado quando nasci, eu achava que ela estava me elogiando. Acreditava que somente eu era "única" no mundo. Aos poucos fui percebendo meu engano. Primeiro, porque ao invés de me tornar diferente, ser uma criatura única é o que me igualava a todos os seres humanos. Entendi que é parte da nossa condição humana sermos indivíduos exclusivos. Dela ninguém escapa. Em segundo lugar, porque essa exclusividade, ganha com meu nascimento, não me foi dada assim de mão beijada. Nem veio pronta, nem tinha um manual. Ela se parece com aquelas massinhas de modelar, que quando a gente ganha, ganha só a massa, não a forma, e o resultado final é sempre o fruto de um longo processo de faz e desfaz.

Cedo percebi que jamais teria sossego e muito trabalho. Típico presente de grego, uma armadilha. Encontrei eco para o meu espanto nas palavras da Mafalda, a famosa personagem de Quino, o cartunista argentino, quando ela diz: "Justo a mim me coube ser eu!" Ser quem só a gente mesmo pode ser, é quase uma desolação. Quem eu sou e deverei ser? Minha individualidade é um mistério.

Quantas vezes eu não preferi ser outra! Se não, pelo menos duvidei se não seria melhor ter nascido em outra família, em outra época, com outra situação financeira, outra cara, outro corpo, outro temperamento... Ainda mais, porque, aparentemente, sempre soube resolver a vida dos outros muito melhor do que a minha própria.

Para ser sincera, quando penso que o meu "eu" está em aberto, o que sinto mesmo é um grande alívio. Se eu tivesse nascido pronta, não teria conserto. E se não houvesse remédio para os meus erros e uma chance para os meus fracassos? E se eu não pudesse mudar de ponto de vista, de gosto, de planos, de opinião? E se eu não tivesse escolhas, nem alternativas?

Mas também vejo um lado sombrio em ser um projeto em aberto, o de nunca ter certeza, sobretudo de antemão, de ter tomado a atitude certa, de ter feito a escolha mais apropriada – aquela em que não me traio. Quando percebo que um gesto qualquer vai afetar o meu destino, sinto medo, angustia, suo frio, tenho vertigens, adoeço. Aí, a tentação de pegar carona na escolha dos outros, ou no estilo de vida deles é grande, mas minha alma grita que não vai dar certo, e me lembra que o meu molde foi quebrado, que é exclusivo.

Levei muito tempo para entender que minha exclusividade não está simplesmente em mim, ou na minha cor de olhos, nem nos meus talentos mais especiais. Ela está sempre lançada adiante de mim como um desafio, como um destino a que tenho que chegar e uma história a ser vivida. Minha exclusividade – eu mesma – apenas virá, quando eu puder afirmar que a história que vim realizando, só eu, e ninguém mais, a poderia ter vivido.

É a isso que a personagem Amparo, no filme de Almodóvar "Tudo sobre minha mãe", se refere, quando afirma que ela é tanto mais autêntica, quanto mais perto estiver daquilo que projetou para si mesma. Fala com orgulho e alegria, revelando assim, que desvendou o mistério que envolve o problema de ser quem somos: autenticar nossa biografia. Avalizá-la.

Onde estou, senão no rastro de história que venho deixando atrás de mim, naquilo que vim fazendo e dizendo? Onde estou, senão nessa biografia que realizo e atualizo a cada instante, por meio das minhas decisões e do meu empenho? Hoje não importa mais se sou diferente dos outros, mas se faço alguma diferença neste mundo.

Texto: Dulce Critelli publicado na coluna "Outras Idéias", Folha Equilíbrio,
"Folha de São Paulo, de 22 de julho de 2004

Enviado por: Patriciana Gomes

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Comunidade São Paulo Apóstolo

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